Hoje tive uma experiência muito gratificante em uma de minhas aulas.
Propus aos meus alunos, com idade entre 6 e 8 anos, que ouvissem uma música e expressassem com palavras e desenhos o que sentiam. Até aí, nada de novo, se a música não fosse instrumental...
É uma composição minha, muito significativa, que adoro tocar pras pessoas e perguntar o que elas sentem ao ouvi-la. Comecei a perguntar a opinião das pessoas depois que uma amiga ao ouvir, disse-me que a música passava uma sensação que era exatamente o sentimento que me motivou a compor.
Trabalhar com crianças é uma tarefa difícil, exige muito conhecimento, cuidado, didática especializada e é de uma responsabilidade gigantesca. Por outro lado, por vezes a gente sai da sala com uma sensação maravilhosa de que o mundo ainda tem jeito, de que ainda há esperança pra tanta coisa ruim que temos visto.
Voltando à aula, a atividade foi aceita pelos alunos, alguns acharam difícil a tarefa de retratar uma música sem letra, sem nenhuma informação, nem o nome da música eu disse, porém, todos mergulharam no desafio.
Fui tocando e as crianças foram se acalmando, se concentrando e quando percebi a sala estava em silêncio, todos empenhados na tarefa de passar pro papel o que ouviam.
O resultado final foi ótimo, de maneira geral, elas distinguem na melodia, no andamento, nos acordes, na interpretação o que a música quer passar, as crianças são muito sensíveis, tem aulas que algumas choram com determinadas músicas.
Mas dentre aqueles 20 desenhos um foi especial, uma menina, Sophia de 8 anos, conseguiu retratar exatamente a intenção da música! O curioso é que analisando o desenho, bem bonito por sinal, ela faz um retrato que expressa tudo o que eu quis dizer com a música, mas que não consigo com palavras.
Se é coincidência eu não sei, se ela conseguiu captar meu sentimento, também não sei. Mas que foi uma experiência fantástica, isso foi!
A música se chama Retrato da saudade e o desenho da Sophia taí:
